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Dia Nacional da Imunização: baixas coberturas põem Brasil na rota de doenças perigosas

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A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) aproveita o Dia Nacional da Imunização, em 9 de junho, para reforçar o apelo sobre a urgência de retomar as altas coberturas vacinais. A queda nas taxas de vacinação começou no Brasil em 2016 e foi intensificada a partir do início da pandemia, em 2020. Referência internacional em vacinação ao longo de décadas, o país é hoje considerado de alto risco para o retorno da pólio e pode perder outras conquistas, como a eliminações da rubéola, síndrome da rubéola congênita e do tétano materno e neonatal e o controle da difteria. O sarampo, que também chegou a ser eliminado, voltou.

Os motivos para o fenômeno são muitos, incluindo dificuldade de acesso, ausência de campanhas de comunicação adequadas, falta de orientação dos profissionais da saúde aos pacientes e, principalmente, perda da percepção do risco das doenças. Além disso, destacam-se nos últimos anos o crescimento de discursos contra as vacinas, o que gera receio em muitos. Mesmo com a queda acentuada do número de mortes por covid-19 após o início da vacinação, há quem insista — e convença outras pessoas — que as vacinas contra a doença sejam ineficazes e inseguras. Hoje, a cobertura da vacina bivalente gira em torno de 12%.

“O caso da covid-19 é emblemático porque se trata de uma enfermidade que causou mais de 700 mil mortes somente no Brasil e porque ocorreu na era das redes sociais, que facilitam a difusão de desinformação. Mas não é o único. Fake News sobre as mais diferentes vacinas, como sarampo e HPV, circulam há anos em todo o mundo”, analisa a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi.

“É importante destacar que, historicamente, a origem desses boatos está ligada a grupos com interesses econômicos, ideológicos ou políticos no descrédito dos imunizantes. É perfeitamente compreensível que uma pessoa que não conheça o tema fique com medo ao se deparar com conteúdo criado para causar pânico e decida alertar os seus familiares e amigos.  Para o benefício de poucos, todos pagam”, acrescenta o vice-presidente da SBIm, Renato Kfouri.

O médico aponta que o caminho para tentar reverter o cenário é investir em comunicação. “O Brasil obteve grande sucesso, em especial nas décadas de 1980 e 1990, com a criação de um grande movimento nacional liderado pelo Zé Gotinha. Conseguimos tocar o coração das crianças e dos pais”, lembra. “Agora, precisamos retomar a mobilização, adaptando-a aos tempos atuais, em que a comunicação é muito mais fragmentada”, pontua.  

Nesse sentido, além das campanhas nas mídias tradicionais, as abordagens podem incluir ações nas redes sociais e com influenciadores que alcançam os diferentes atores envolvidos na adesão à vacinação — dos que serão vacinados, independentemente da idade, aos responsáveis por crianças e adolescentes. “É fundamental, ainda, estabelecer uma relação de proximidade, para a comunicação não ser de mão única. Precisamos dialogar com a população, poder público, instituições, organizações sociais e lideranças comunitárias para traçar as melhores estratégias para cada localidade”, afirma Mônica Levi.