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O Globo aborda queda no estoque de vacinas no Rio de Janeiro

Por Antonella Zugliani e Emanuel Alencar, publicado originalmente n’O Globo?

Postos de saúde no Estado do Rio sofrem escassez de vacinas neste início do ano. As vacinas tetraviral (contra sarampo, caxumba, rubéola e catapora), dupla adulta (contra difteria e tétano) e contra febre amarela estão com atrasos de meses. Já a prevenção para a tuberculose, a BCG, teve sua remessa de estoque reduzida à metade neste mês e o prazo para entrega foi adiado para o dia 20. Os casos mais drásticos ocorrem com as vacinas HIB, que protege contra meningites e doenças respiratórias, e VARH, defesa contra o rotavírus humano, que estão com seus estoques zerados. Porém, a realidade no estado não é isolada.

— Um dos grandes desafios é ter uma produção de vacinas suficiente para atender à demanda mundial, não só o Brasil. Temos poucos fabricantes no mundo. E você não faz vacina da noite para o dia. Uma vacina pode, por exemplo, demorar 15 meses desde a sua produção para ser distribuída — afirma Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

O Ministério da Saúde também afirma que a redução na oferta de vacinas está ligada à baixa produção das fábricas. O governo federal, atualmente, mantém acordos específicos com diversas produtoras para a elaboração dos diferentes tipos.

— Um problema antigo é a falta da vacina tetraviral. Ela está em falta há muito tempo. Felizmente hoje os critérios de qualidade são muito rigorosos. Um dos lotes dessa vacina teve problemas lá no fabricante. Por conta do problema, um lote inteiro foi perdido. Com a demanda mundial crescente, é necessário ter mais fábricas e isso tudo demora. Inclusive na rede privada — afirma Isabella.

Fornecimento ‘racionado’

A redução na quantidade de vacinas se reflete no fornecimento à população. Gestantes e acidentados passam a ter prioridade na aplicação da dupla adulta, enquanto cadastramentos de usuários estão sendo feitos para vacinação da HIB. A imunização contra a febre amarela e a BCG passaram a ser centralizadas em postos específicos e horários determinados. Ainda assim, Isabella acredita que estratégias antigas podem ser recuperadas para este novo cenário:

— A gente não espera que as crianças fiquem sem BCG. Os municípios estão se organizando. É importante lembrar que há anos a BCG tinha uma data certa, um dia certo para tomar, porque a vacina é um frasco com 10 doses. Uma vez aberto, tem que ser utilizado em seis horas. Hoje não é mais assim, mas, com a oferta diminuída é importante a população entender que vai precisar se informar sobre o dia em que o posto vai oferecê-la.

A BCG deve ser aplicada nos bebês logo nos primeiros dias de vida. Se não for possível, deverá ser aplicada após um mês.?