Institucional

Por um futuro melhor

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A cada 20 segundos, em média, o site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registra um novo nascimento. Hoje, somos mais de 213 milhões de pessoas vivendo na quinta maior extensão territorial do mundo ? um país superlativo. De igual tamanho são nossas conquistas e desafios.

No campo das imunizações, foco de maior interesse aqui, aprendemos no combate à varíola, na década de 1960, que apesar dos gigantescos desafios é possível erradicar doenças com as campanhas de vacinação em massa. Desde 1973, ano de institucionalização do Programa Nacional de Imunizações (PNI), são muitas as vitórias. Uma das mais emblemáticas teve início em 1980, com a campanha que conferiu ao país, após incansáveis 14 anos, a Certificação da Ausência de Circulação Autóctone do Poliovírus Selvagem.

Com o mesmo esforço eliminamos ou controlamos outras doenças infectocontagiosas, colocando as imunizações entre as medidas de saúde pública que possibilitaram reduzir, em 90%, a mortalidade de crianças menores de 5 anos (passamos de 58.201 mortes para 5.804, entre 1974 e 2014). Em 2016, certificamos a eliminação do tétano materno e neonatal, da rubéola e da síndrome da rubéola congênita, além do sarampo – mas este, como sabemos, retornou em 2018 devido às baixas coberturas vacinais, fenômeno que, hoje, se estende por todo o calendário de vacinação, elevando o nível de vulnerabilidade ao patamar do risco de reintrodução da pólio no país.

Como se chegou a esse retrocesso? São muitos os fatores, dentre eles: mudanças no perfil e na frequência das campanhas de vacinação; contínuas falhas no abastecimento; falta de investimento na qualificação e retenção dos profissionais que atuam nas unidades de saúde; a precarização e limitações desses espaços; e o baixo engajamento de médicos com a prescrição de vacinas. Além da complexidade dos calendários vacinais; da disseminação de notícias falsas sobre a segurança das vacinas; das recentes campanhas para desacreditar a ciência e da falta de percepção de risco pela população diante das doenças controladas por vacinação.

Este breve relato tem como finalidade lembrar que desafios existem para serem vencidos, que fomos, somos e seremos capazes de realizar grandes feitos, bem como destacar o potencial irrefutável das imunizações na promoção da saúde. Um estímulo que não devemos nem podemos perder de vista. Hoje, contamos com novas plataformas para a produção de imunobiológicos, o que abre diferentes perspectivas de prevenção; experimentamos sucesso no desenvolvimento em tempo recorde de vacinas contra a COVID-19; e a adesão a esta é, como esperado, o reconhecimento da importância desse recurso na proteção da vida.

Além disso, somos detentores de uma das maiores experiências em campanhas de vacinação em todo o mundo, apesar de nossas dimensões territoriais e das gritantes diferenças regionais. Conseguimos aplicar mais de dois milhões de doses de vacina por dia, sempre que dispomos dos recursos necessários para o cumprimento adequado da missão. Não podemos deixar que desmandos ofusquem uma história de sucesso nem que enfraqueçam nossos ânimos. Renovar a crença em um futuro melhor e trabalhar por ele faz-se necessário e esse caminho sempre passará pelo conhecimento científico, pela valorização do saber, pela união de forças, pelo amor às imunizações, à promoção da saúde e à causa que escolhemos como profissão.

Sigamos unidos, confiantes e cumpridores do nosso propósito. 

Um Abraço!

Juarez Cunha
Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)