Institucional

Pela reconquista das altas cobertura vacinais

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No ano de 1994 o Brasil recebeu o Certificado de Eliminação da Poliomielite, após décadas de luta contra a doença. Este é, sem dúvida, um dos maiores marcos do Programa Nacional de Imunizações (PNI), uma das maiores conquistas em saúde pública! É difícil acreditar que, após quase 30 anos, estamos novamente assombrados pela ameaça da paralisia infantil. Hoje, além dos dois países endêmicos – Paquistão e Afeganistão – 28 países apresentam surto da doença e sete países são considerados de risco pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), dentre eles o Brasil.

Quando olhamos a cobertura para pólio em 2021, temos 30% das crianças brasileiras menores de 1 ano de idade sem a vacinação, e 40% que não receberam a dose de reforço com 1 ano de idade. Aos 4 anos, 55% também se encontram sem o reforço. A ameaça da poliomielite é a ponta de um grande iceberg chamado ‘cobertura vacinal’, cuja queda progressiva, desde 2013 – e que teve como marco o retorno do sarampo, em 2018 – se intensificou com a pandemia. Hoje, nenhuma vacina do calendário da criança atinge a meta que é de 90% para BCG e rotavírus e de 95% para as demais.

Os baixos índices significam, por exemplo, que as crianças que nasceram no período de reclusão devido à pandemia de covid-19 e que não receberam a vacina rotavírus correm risco de morte por diarreia – em 2021, eram 30%. E se olhamos a cobertura de vacinas das gestantes, temos 57% que não receberam a dTpa, segundo dado do Sistema de Informações do PNI, sendo esta vacinação a principal estratégia para prevenir a coqueluche no recém-nascido.

São muitos os fatores que nos trouxeram para este patamar, sendo os principais: a falta de campanhas efetivas e contínuas de comunicação, a população com baixa percepção de risco devido ao controle das doenças imunopreveníveis, e a campanha de desacreditação da ciência e das vacinas como instrumento seguro de proteção da saúde. A solução para frearmos esse retrocesso passa por #VacinarParaNãoVoltar, informação que virou hashtag usada pela SBIm para alertar sobre o problema e apontar a solução. Mas este é um esforço coletivo.

Com o intuito de atacar o problema em suas várias frentes, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos/Fiocruz idealizou o Projeto Estratégia Nacional Pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais (PRCV), contemplando três eixos integradores: Vacinação, Sistema informatizado com garantia da qualidade dos dados e Comunicação e Educação. O PRCV, realizado em parceria com a SBIm e com o Ministério da Saúde, já conta com os apoios da Opas e do Grupo Mulheres do Brasil (GMdB) e pode ser acessado no site www.sbim.org.br/prcv. Saiba como fazer parte dessa rede de mobilização nacional e preencha o formulário de adesão.

Independentemente de qualquer iniciativa de terceiros, assuma você a liderança de movimentos de educação e conscientização em sua comunidade, em seu local de trabalho, na escola onde seu filho estuda, nas organizações que você frequenta; busque parceiros para criar uma ampla rede de divulgação de #InformaçãoDeVerdade sobre vacinas, bem como sobre os riscos da não vacinação. Precisamos enfrentar a desinformação, as fake news de forma contundente e organizada. Precisamos de você nessa luta pela reconquista das altas coberturas vacinais.

Um abraço,

Juarez Cunha
Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)