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Folha: Falta de vacina atinge postos de saúde de seis estados

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Por Natália Cancian, publicada originalmente na Folha

Postos de saúde e hospitais de diferentes pontos do país já enfrentam falta de até seis tipos de vacinas –uma delas de administração obrigatória para recém-nascidos.

O desabastecimento já atinge ao menos seis Estados, mas pode se estender para todo o país caso os estoques continuem baixos, segundo entidades e secretarias de Saúde ouvidas pela Folha.

O problema ocorre devido a atrasos na distribuição ou após repasses em quantidade menor –desde o início do ano, algumas vacinas são entregues pelo Ministério da Saúde em doses que variam de 50% a 90% abaixo da média mensal utilizada.

A situação é mais grave para pais que procuram a vacina BCG, que protege bebês contra tuberculose. Especialistas recomendam que ela seja ministrada logo após o nascimento ou ainda no primeiro mês de vida.

O problema afeta o Rio de Janeiro, Santa Catarina, Mato Grosso, Tocantins, Minas Gerais e Pernambuco, onde pacientes já relatam falta da BCG e outras vacinas em alguns postos de saúde.

Outros Estados convivem com estoques baixos e risco de desabastecimento.

Em São Paulo, a quantidade recebida neste mês de vacina tetraviral (contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela), por exemplo, ficou cerca de 70% abaixo do esperado. Se não chegar em até duas semanas, pode faltar vacina, diz a secretaria de Saúde.

Do mesmo modo, a pasta confirma que só recebeu 10% do que pediu de vacinas contra febre amarela –das 300 mil doses solicitadas, só 30 mil foram entregues, afirma.

Situação semelhante ocorre em Rondônia e no Distrito Federal, por exemplo.

Para amenizar o problema, unidades de saúde passaram a agendar dias e locais para aplicar as vacinas –até então disponíveis a qualquer hora.

A medida visa evitar o desperdício de doses. Após abertos, frascos de algumas vacinas, como a BCG, têm validade de até seis horas.

“Se formos vacinar todos os dias, daqui a dez dias não temos mais vacina no Estado”, afirma Ivo Barbosa, coordenador estadual de imunização em Rondônia.

Em Belo Horizonte, a prefeitura estipulou um rodízio de vacinação de BGC entre centros de saúde. A administração disse ter solicitado em março 21 mil doses ao ministério, via secretaria estadual da Saúde, mas recebeu “quantidade inferior”. O restante, não especificado, é esperado para hoje (18/3).

A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabella Ballalai, diz que a situação é “atípica” e já atinge também a rede privada. “Há muito tempo não vejo uma situação dessas”, afirma.

Outro lado

O Ministério da Saúde afirmou, em nota, que, “devido a problemas de produção” de algumas vacinas, está readequando o cronograma de distribuição aos Estados.

Sobre a vacina BCG, a pasta afirma que deve enviar, até o fim deste mês, 1,3 milhão de doses às secretarias estaduais de saúde, que as repassam para os municípios.

Também está previsto o envio de 180 mil doses de vacina contra febre amarela –o valor, porém, é inferior ao solicitado apenas pelo Estado de São Paulo, por exemplo.

Para resolver o problema, o ministério afirma que deve receber dos fornecedores mais 2 milhões de doses, que ainda precisam passar por análise do INCQS (órgão de controle da qualidade). Não há previsão de entrega.

O ministério informa que recebeu 4,9 milhões de doses contra difteria e tétano, cuja distribuição também depende de análise do INCQS.

Sobre a tetraviral, a pasta afirma que “está enviando aos Estados, neste mês, 300 mil doses da vacina, atendendo a média mensal”. A pasta não respondeu sobre a vacina HIB. Já a antirrábica deve ser enviada ainda neste mês, na quantidade pedida pelos Estados.