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Coberturas vacinais no Brasil são baixas e heterogêneas, mostram informações do PNI

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No segundo dia da XXII Jornada Nacional de Imunizações, a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Francieli Fantinato, apresentou informações preocupantes sobre as coberturas vacinais no Brasil. Em 2020, embora os dados ainda não estejam consolidados, vacinas oferecidas para crianças com até 1 ano, como a febre amarela, hepatite B para bebês de até 30 dias e a segunda dose da tríplice viral, registraram índices de 50,11%; 54,27%; e 55,7%; respectivamente.

Os números são ainda piores dos que os de 2019, quando, pela primeira vez na história, nenhuma alcançou a meta mínima — 90% ou 95%, dependendo da vacina. Mas é importante ponderar que o receio da transmissão de COVID-19 pode ter contribuído para os resultados.

No que diz respeito à homogeneidade por municípios, a meta também não vem sendo batida. De um universo de cinco vacinas (penta, pneumocócica 10-valente, pólio e primeira dose da tríplice vital) analisado entre 2013 a 2020, o patamar estipulado de 70% só foi alcançado pela tríplice viral, nos dois primeiros anos da série. Isso cria bolsões de suscetíveis a abre espaço para surtos.

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Também chama atenção o fato de haver diferenças nas coberturas de vacinas que devem ser aplicadas simultaneamente. São os casos da BCG e pólio (ao nascer), da segunda dose da rotavírus e da pneumocócica 10-valente (4 meses), da terceira dose da pólio e da pentavalente (6 meses), bem como da primeira dose da tríplice viral e dos primeiros reforços da meningocócica C e da pneumocócica 10-valente (12 meses).

"Verificamos que hoje os profissionais não fazem essas vacinas em conjunto, apesar da preconização. É necessário administrá-las ao mesmo tempo para não perder a oportunidade de vacinar a criança no momento que ela vai ao serviço de saúde", avaliou Fantinato.

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Entre crianças mais velhas e adolescentes, os indicadores insatisfatórios se repetem. Em 2020, a primeira dose da vacina HPV, cuja meta é de 80%, foi aplicada em cerca de 70% das meninas de 9 a 15 anos e em pouco mais de 40% dos meninos de 11 a 14 anos. Na segunda dose, os índices foram de aproximadamente 40% e 30%. Além disso, o reforço da vacina meningocócica C na adolescência, inicialmente oferecido dos 11 aos 14 anos e agora dos 11 aos 12, chegou no máximo a taxas em torno de 40%.

A cobertura de gestantes com a dTpa em 2020 foi de 41,7%.

Iniciativa

A epidemiologista listou algumas das medidas adotadas pelo Ministério da Saúde para tentar reverter o cenário. Uma delas é o Movimento Vacina Brasil, criado em 2019 com os objetivos de resgatar o sentimento de segurança, orgulho e comprometimento com relação às vacinas, desmistificar as fake news, promover ações conjuntas com órgãos públicos e empresas, bem como angariar o apoio de influenciadores de diversas áreas.

Também foram criados os programas Saúde na Hora, que oferece recursos financeiros para unidades de saúde ampliarem os horários de atendimento, e o Saúde Sem Fake News, canal no WhatsApp destinado ao esclarecimento de boatos. O número é (61) 99289-4640. Paralelamente, a pasta elaborou um plano com dez passos a serem seguidos pela atenção primária para aumentar as coberturas vacinais e tem buscado estreitar parcerias com instituições da sociedade civil organizada.

“Mas qualquer estratégia que não tenha o engajamento do profissional da saúde que atua na ponta não irá resolver. É um momento de responsabilidade de todos nós. De executar ações, avaliar coberturas e desenvolver estratégias no nível local”, ressaltou Fantinato.