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Vacinação de pessoas transplantadas de células-tronco hematopoiéticas (TCTH)
Por que o cuidado especial?
O transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH) é o tratamento indicado para alguns tipos de câncer (como leucemias, linfomas, mielomas e neuroblastoma); doenças autoimunes, e outras enfermidades.
Pessoas com indicação de TCTH apresentam risco aumentado para infecções antes do transplante — pela doença de base ou a quimioterapia preparatória —ou após o procedimento, devido à possibilidade de rejeição — também chamada de doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH) — e/ou à terapia imunossupressora. Muitas dessas infecções são imunopreveníveis.
Particularidades para a vacinação
Vacinas aplicadas antes do transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH) deverão ser desconsideradas e os esquemas de doses reiniciados após o transplante e a recuperação da função imunológica.
A programação da vacinação após o TCTH tem como referência o tempo mínimo a ser respeitado entre o procedimento e a aplicação das diferentes vacinas, considerando o intervalo recomendado (ou mínimo) entre as doses de cada esquema vacinal.
As recomendações específicas das vacinas e seus esquemas aqui abordados são para maiores de 1 ano. O TCTH raramente é feito durante o primeiro ano de vida e, quando isso ocorre, o intervalo mínimo entre o procedimento e a revacinação, em geral, não permite a aplicação de vacinas antes de a criança completar 1 ano.
No pré-transplante, as vacinas atenuadas estão contraindicadas. Já as vacinas inativadas podem ser administradas até duas semanas antes do início da quimioterapia pré-transplante ou de outros preparos, se necessários. No entanto, tais vacinas deverão ser repetidas em três a 12 meses, a depender de alguns fatores, como o tipo de transplante, ocorrência de rejeição (DECH) e imunodepressão.
Vacinas atenuadas também estão contraindicadas em caso de DECH no pós-transplante e/ou durante a terapia imunodepressora.
Vacinas especialmente recomendadas
A vacina influenza quadrivalente (4V) é preferível à vacina influenza trivalente (3V) por proteger contra mais tipos do vírus responsável pela doença. Na impossibilidade de uso da vacina 4V, utilizar a vacina 3V.
Esquema de doses
A vacinação deve ser iniciada de três a seis meses após o transplante.
- Para crianças que iniciam a vacinação menores de 9 anos de idade: duas doses, com intervalo de 30 dias, e uma dose anual nos anos seguintes;
- A partir dos 9 anos de idade: uma dose anual.
- Observações:
- Devido à resposta imunológica inferior e menos duradora conferida pelas vacinas influenza em idosos e pacientes imunodeprimidos, a administração de uma dose extra a partir de três meses após a dose anual pode ser considerada em situação epidemiológica de risco;
- Para pacientes a partir de 60 anos, avaliar a utilização da vacina influenza quadrivalente com mais altas doses de antígenos (“high dose” - 4VHD), que permite maior proteção.
Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).
Onde se vacinar
- Vacina influenza trivalente (3V): UBS, CRIE e serviços privados de vacinação;
- Vacina influenza quadrivalente (4V): serviços privados de vacinação;
- Vacina influenza quadrivalente “high dose“ (4VHD): serviços privados de vacinação.
Para a proteção adequada de pessoas submetidas a transplantes de células-tronco-hematopoiéticas, recomenda-se o esquema com dois tipos de vacinas pneumocócicas, complementares e não excludentes (esquema sequencial): iniciando preferencialmente com uma vacina conjugada (VPC10 ou VPC13), seguida da vacina polissacarídica (VPP23).
A SBIm recomenda o uso preferencial da VPC13 para ampliar a proteção para três sorotipos adicionais, principalmente em pessoas de alto risco para doença pneumocócica invasiva, como transplantados. Nas UBS e nos CRIE, a VPC10 é a vacina utilizada na rotina para crianças menores de 5 anos de idade, incluindo aquelas com comorbidades associadas à imunodepressão. Nos CRIE, a vacina VPC13 está disponível para pessoas submetidas a TCTH em esquema de três doses.
A VPP23 está recomendada somente a partir dos 2 anos de idade, sempre em esquema complementar com as vacinas VPC10 ou VPC13.
Esquema de doses
A vacinação deve ser iniciada de três a seis meses após o transplante, preferencialmente com a vacina VPC13.
Nos CRIE
- Para crianças menores 5 anos de idade: três doses de VPP10, com intervalo de dois meses e uma dose de VPP23 dois meses depois. Uma nova dose de VPP23 deve ser administrada cinco anos após a primeira VPP23;
- A partir de 5 anos, adolescentes, adultos e idosos: três doses de VPC13, com intervalo de dois meses, e uma dose de VPP23 dois meses depois. Uma nova dose de VPP23 deve ser administrada cinco anos após a primeira VPP23;
- Pessoas que já receberam a VPP23 após o TCTH, mas ainda não foram vacinadas com a VPC13: uma dose de VPC13 12 meses após a VPP23.
Recomendações SBIm
- Três doses de VPC13 em todas as idades, com intervalo de dois meses, e uma dose de VPP23 dois meses depois. Uma nova dose de VPP23 deve ser administrada cinco anos após a primeira VPP23;
- Uma terceira dose de VPP23 é recomendada para pessoas a partir de 60 anos que tenham recebido a segunda dose antes desta idade;
Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).
Onde se vacinar
- VPC10:
- CRIE, para menores de 5 anos.
- VPC13:
- CRIE: para maiores de 5 anos;
- Serviços privados de vacinação: para todas as idades, mesmo se vacinados com a VPC10.
- VPP23:
- CRIE: duas doses;
- Serviços privados de vacinação: para todas as idades.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.
A vacinação contra o Hib faz parte da rotina da população em geral somente para menores de 5 anos de idade, pois a chance de infecção a partir desta faixa-etária passa a ser baixa. No entanto, no caso de transplantados de células-tronco hematopoiéticas, o risco permanece.
Esquema de doses
- A vacinação deve ser iniciada de três a seis meses após o transplante.
- Crianças, adolescentes, adultos e idosos: três doses, com intervalo de dois meses (ou mínimo de um mês).
Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).
Onde se vacinar
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.
Meningocócicas conjugadas (MenC ou ACWY)
Sempre que possível, preferir a vacina meningocócica conjugada ACWY, pois ela oferece proteção contra mais tipos de meningococos.
Esquema de doses
- A vacinação deve ser iniciada de três a seis meses após o transplante;
- Crianças, adolescentes, adultos e idosos: duas doses, com intervalo de dois meses (ou mínimo de um mês).
- Atenção: após o fim do esquema de doses básico para cada faixa etária, uma dose de reforço deve ser aplicada a cada cinco anos em caso de imunossupressão contínua por DECH (doença do enxerto contra o hospedeiro).
Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).
Onde se vacinar
MenC:
- CRIE: duas doses, com intervalo de dois meses. Caso a imunossupressão persista, reforços a cada 5 anos.
- Serviços privados de vacinação.
MenACWY:
- UBS ou CRIE: para adolescentes de 11 e 12 anos;
- CRIE: para pessoas com hemoglobinúria paroxística noturna (HPN), em uso de eculizumabe, acima de 14 anos;
- Serviços privados de vacinação: todas as idades.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.
Existem duas vacinas contra meningococos do sorogrupo B. Uma licenciada para pessoas de 2 meses a 50 anos de idade e outra para pessoas entre 10 e 25 anos de idade.
Esquema de doses
- A vacinação deve ser iniciada três a seis meses após o transplante.
- Crianças, adolescentes, adultos e idosos: duas doses com intervalo de um a dois meses entre elas. O uso acima da faixa etária de licenciamento é off label.
Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui).
Onde se vacinar
- Serviços privados de vacinação.
Esquema de doses
- A vacinação deve ser iniciada três a seis meses após o transplante.
- Para crianças, adolescentes, adultos e idosos: três doses com intervalo de dois meses (intervalo mínimo de um mês).
- Observação: a vacina oral poliomielite (VOP) está contraindicada.
Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).
Onde se vacinar
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.
Esquema de doses
- A vacinação deve ser iniciada de três a seis meses após o transplante;
- Para crianças a partir de 1 ano, adolescentes, adultos e idosos: duas doses, com intervalo mínimo de seis meses.
Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).
Onde se vacinar
- UBS e/ou CRIE: A primeira dose está disponível nas UBS para menores de 5 anos. A segunda dose e a vacinação de pessoas mais velhas são feitas nos CRIE;
- Serviços privados de vacinação.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.
Esquema de doses
- A vacinação deve ser iniciada de três a seis meses após o transplante;
- Crianças, adolescentes, adultos e idosos: três doses, com intervalos de um mês entre a primeira e a segunda; e de seis meses entre a primeira e a terceira (esquema 0 - 1 - 6 meses);
- É necessário realizar exame Anti-HBs um a dois meses após a última dose, para avaliar se a resposta foi satisfatória e a pessoa está de fato protegida. Considera-se imunizado quando o Anti-HBs é igual ou superior a 10 mUI/mL. Se o resultado do Anti-HBs for inferior a 10 mUI/mL, repetir o esquema vacinal uma única vez.
Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).
Onde se vacinar
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.
Esquemas de doses
- A vacinação deve ser iniciada de três a seis meses após o transplante.
- Crianças a partir dos 9 anos, adolescentes e adultos: três doses com intervalos de um a dois meses entre a primeira e a segunda; e de seis meses entre a primeira e a terceira.
Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).
Onde se vacinar
- UBS: duas doses para adolescentes de 9 a 14 anos. A terceira dose está disponível nos CRIE;
- CRIE: três doses para pessoas de 9 a 45 anos. Indivíduos que iniciaram a vacinação nas UBS podem encerrar o esquema nos CRIE, desde que dentro da faixa etária;
- Serviços privados de vacinação: a vacinação de adultos acima da faixa etária de licenciamento (uso off label) ou já infectados pode ser benéfica. A recomendação deve ser feita a critério médico.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.
Previnem coqueluche, tétano, difteria e outras doenças, no caso das combinações. O uso das vacinas acelulares (DTPa, dTpa e suas combinações) é preferível por causar menos reações do que as vacinas de células inteiras (DTPw e DTPw-HB/Hib).
Esquema de doses
- A vacinação deve ser iniciada três a seis meses após o transplante.
- O esquema depende da idade de início da vacinação:
- Crianças de até 6 anos: três doses de DTPw ou DTPa ou de vacinas combinadas contendo DTPa ou DTPw. Intervalo de dois meses entre a primeira e segunda dose e de seis meses entre a segunda e a terceira dose. Reforços com a dTpa (preferencialmente) ou a dT a cada dez anos.
- Crianças a partir de 7 anos, adolescentes, adultos e idosos: uma dose com dTpa (ou dTpa-VIP) seguida por duas doses de dT, dois e seis meses depois da dose de dTpa.
Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).
Onde se vacinar
- DTPw e DTPw-HB/Hib: UBS, para menores de 7 anos;
- DTPa: CRIE, para menores de 7 anos, com a vacina acelular hexa (DTPa-HB-VIP/Hib);
- DTPa e suas combinações: serviços privados de vacinação, para crianças. A faixa etária de indicação varia de acordo com a bula das vacinas;
- dTpa:
- UBS: para gestantes e puérperas;
- CRIE: uma dose para maiores de 3 anos;
- Serviços privados de vacinação: para maiores de 3 anos.
- dTpa-VIP: serviços privados de vacinação, para pessoas a partir de 3 anos;
- dT: UBS e CRIE, para pessoas a partir de 7 anos.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.
Contraindicada nos 24 meses posteriores ao transplante e antes da recuperação do sistema imunológico. Em caso de rejeição (DECH) após o procedimento ou necessidade de terapia imunodepressora, a vacina também está contraindicada.
A vacinação deve ser autorizada pelo médico responsável pelo transplante.
Esquema de doses
Onde se vacinar
- UBS;
- CRIE;
- Serviços privados de vacinação, com autorização médica.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.
Contraindicada nos 12 meses posteriores ao transplante. Deve ser evitada nos 24 meses posteriores ao transplante e antes da recuperação do sistema imunológico, mas pode ser considerada entre 12 e 24 meses em caso de risco epidemiológico, desde que a situação imunológica do paciente permita. Em caso de rejeição (DECH) após o procedimento ou necessidade de terapia imunodepressora, a vacina está contraindicada.
A vacinação deve ser autorizada pelo médico responsável pelo transplante.
Esquema de doses
- Crianças a partir de 1 ano, adolescentes, adultos e idosos: duas doses, com intervalo mínimo de um mês.
Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).
Onde se vacinar
- UBS;
- CRIE;
- Serviços privados de vacinação.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.
Contraindicada nos 24 meses posteriores ao transplante e antes da reconstituição imunológica. Em caso de rejeição (DECH) após o procedimento ou necessidade de terapia imunodepressora, a vacinação também está contraindicada.
A vacinação deve ser autorizada pelo médico responsável pelo transplante.
Esquema de doses
- Pessoas a partir de 1 ano de idade: duas doses, com intervalo de um a três meses, a depender da idade (consulte os calendários de vacinação SBIm para cada faixa etária).
Onde se vacinar
- CRIE;
- Serviços privados de vacinação.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.
A vacina atenuada é contraindicada nos 24 meses posteriores ao transplante e antes da reconstituição imunológica. Em caso de rejeição (DECH) após o procedimento ou necessidade de terapia imunodepressora, a vacinação também está contraindicada.
A administração deve ser autorizada pelo médico responsável pelo transplante.
Idealmente, usar a vacina inativada recombinante, que pode ser aplicada seis meses após transplante.
Esquema de doses
Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).
Onde se vacinar
- Serviços privados de vacinação.
Precauções e contraindicações
- Para a aplicação das vacinas vivas atenuadas, se faz necessária a liberação escrita do médico responsável pelo transplante;
- Em caso de rejeição (DECH) ou necessidade de terapia imunossupressora, as vacinas vivas atenuadas estão contraindicadas;
- Vacina dengue pode ser considerada somente em soropositivos para dengue, com sistema imunológico restabelecido, sem rejeição (DEHC) ou necessidade de terapia imunodepressora.
Vacinação de contatos domiciliares
A SBIm recomenda que todos os contatos de pessoas submetidas a transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH) estejam em dia com os calendários de vacinação SBIm para cada faixa etária.
Enquanto estes pacientes estiverem imunodeprimidos, os contatos domiciliares podem receber nos CRIE as seguintes vacinas: