1) Por que o Brasil deixou de atender aos requisitos para manter o certificado de eliminação do sarampo, recebido em 2016?
Devido às baixas coberturas vacinais, o contato de pessoas que contraíram a doença no exterior com brasileiros não protegidos foi capaz de causar, a partir de 2018, surtos sustentados de grande proporção, especialmente no Amazonas, São Paulo e Roraima. É importante destacar que a culpa não é do turista ou imigrante: se tivéssemos feito a nossa parte, ou seja, se a população estivesse adequadamente vacinada, os casos se limitariam aos importados.
2) Na rede pública, a vacina tríplice viral é recomendada na rotina para pessoas entre 12 meses e 59 anos. Diante de surto, outras faixas etárias precisam ser vacinadas?
Sim. São elas:
- Crianças entre 6 meses e 12 meses, em situações de surtos precisam ser vacinadas. Essa faixa etária apresenta a maior taxa de incidência.
- Pessoas com mais de 59 anos provavelmente tiveram sarampo, por isso não são prioridade para a vacinação pública. No entanto, ainda que menos frequentemente (incidência de 39 casos/100.000 entre maiores de 50 anos no AM), podem adoecer. Diante da exposição ao vírus, dúvida sobre passado de doença ou sobre o histórico vacinal, a vacinação é indicada, inclusive para maiores de 60 anos.
3) É seguro indicar a vacina tríplice viral para menores de 12 meses ou maiores de 59 anos?
Sim, é seguro e recomendado pela Organização Mundial da Saúde para situações de surto. Nos tempos em que o sarampo era endêmico no país, inclusive, a vacinação de rotina inicialmente, era feita aos 6 meses e depois passou a ser realizada aos 9 meses de idade, tendo em vista a incidência da doença nessa faixa etária em épocas passadas. Com o controle do sarampo e a consequente queda do risco, a vacinação passou a ser indicada a partir dos 12 meses.
4) Em que situações menores de 1 ano devem ser vacinados?
Em situações de surtos ou se o bebê com mais de 6 meses tiver contato próximo com pessoa com sarampo.
5) Quem é considerado adequadamente vacinado?
Todas as pessoas que receberam duas doses da tríplice viral depois dos 12 meses, com intervalo mínimo de um mês entre elas.
6) Qual o esquema de doses para cada faixa etária?
No Programa Nacional de Imunizações (PNI):
- Duas doses, aos 12 e 15 meses.
- Para os não vacinados:
- Até os 29 anos: duas doses, com intervalo de um mês entre elas.
- 30 a 59 anos: uma dose
- Em situações de surto, crianças entre 6 e 12 meses de idades devem receber uma dose. Essa dose, no entanto, não é considerada válida para fins de rotina: as doses dos 12 e 15 meses devem ser aplicadas normalmente.
- Também em casos de surto pode ser considerada a aplicação de uma terceira dose em pessoas com esquema completo. Não há, no entanto, evidências que justifiquem a medida na rotina.
Calendários SBIm:
- Duas doses para pessoas entre 12 meses e 59 anos de idade, com intervalo mínimo de um mês;
- Uma dose para pessoas a partir de 60 anos. A indicação da vacina dependerá de risco epidemiológico e da situação individual de suscetibilidade.
8) Porque crianças vacinadas antes dos 12 meses de idade devem ser revacinadas?
A possível presença de anticorpos maternos em menores de 12 meses pode interferir na resposta adequada à vacina tríplice viral. Devido ao risco de falha primária, portanto, a dose aplicada entre 6 e 12 meses não é considerada válida para fins de rotina. As doses dos 12 e 15 meses devem ser aplicadas normalmente.
9) Para quem a vacina é contraindicada?
- Gestantes
- Pessoas imunossuprimidas por doença ou uso de medicação
- Crianças que vivem com HIV/Aids que tenham imunossupressão e/ou sintomatologia grave (CD4 < 15%, para aquelas até 5 anos; e CD4 <200 cel/mm3, para maiores de 5 anos)
- Adultos que vivem com HIV/Aids com CD4 < 200. Para aqueles com CD4 entre 200 e 350, os parâmetros clínicos e risco epidemiológico devem ser avaliados pelo médico para a tomada de decisão
- Pessoas com histórico de alergia grave (anafilaxia) após aplicação de dose anterior das vacinas ou a algum de seus componentes. Importante: não há contraindicação para alérgicos a ovo
- A rede pública dispõe de vacinas tríplice viral produzidas por três fabricantes: Fiocruz/Bio-Manguinhos, Serum Institute of India e GSK. A vacina do Serum Institute of India contém traços de lactoalbumina, portanto é contraindicada para alérgicos à proteína do leite da vaca. A condição deve ser informada na sala de vacinação, para que a vacina adequada seja administrada.ma das vacinas disponíveis na rede pública contém traços de lactoalbumina, portanto é contraindicada para alérgicos à proteína do leite da vaca. A condição deve ser informada na sala de vacinação, para que a vacina adequada seja administrada
10) A gestante vacinada inadvertidamente corre riscos? E o feto?
Inúmeras gestantes foram inadvertidamente vacinadas com a vacina tríplice viral em todo o mundo. Embora exista risco teórico para o feto, estudos publicados na literatura médica, inclusive brasileiros, relatam baixo índice de infecção fetal e nenhum caso de prejuízo à saúde do feto e da gestante ou intercorrências na gravidez.
11) Quanto tempo a mulher deve esperar para se vacinar após dar à luz?
A vacina pode ser administrada no pós-parto imediato. A amamentação não restringe a aplicação.
12) É necessário esperar para engravidar após receber a vacina?
Sim, é recomendado aguardar 30 dias.
13) Que condições requerem o adiamento da vacinação?
- Uso de outras drogas imunossupressoras, inclusive biológicos: o intervalo mínimo para aplicação da vacina após interrupção do tratamento depende do medicamento em uso;
- Transplante de medula óssea: 12 a 24 meses após o procedimento;
- Uso de imunoglobulina, sangue e derivados: 3 a 11 meses, dependendo do hemoderivado e da dose administrada, devido ao possível prejuízo na resposta imunológica;
- Doenças agudas febris moderadas ou graves: até a resolução do quadro, com o intuito de não se atribuir à vacina as manifestações da doença.
14) Caso a segunda dose esteja atrasada, o esquema precisa ser reiniciado?
Não, mesmo que a primeira dose tenha sido aplicada há muitos anos, basta aplicar a segunda dose.
15) O que deve fazer quem não sabe se já tomou a vacina?
Receber as duas doses, com intervalo mínimo de 30 dias. Tomar mais doses do que o recomendado nos esquemas vacinais não representa qualquer risco à saúde.
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