Institucional

O que nos ensina a cultura do medo

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Isabella Ballalai - Presidente da SBIm

O Ministério da Saúde (MS) prorrogou o prazo da 20ª Campanha Nacional de Vacinação contra a influenza por duas vezes. Justificativa: apenas 77,6% do público-alvo vacinado. Crianças e gestantes registram o menor índice, com cobertura de 61,5% e 66%, respectivamente.

Em 2016, ano de massivas notícias sobre óbitos atribuídos principalmente ao H1N1 (responsável pela pandemia de 2009), os percentuais alcançados pelas duas maiores capitais brasileiras foram 103,25% (São Paulo) e 91,27% (Rio de Janeiro). Já em 2018, no balanço de maio, estavam, naquela data, em 58,3% e 47,6%, respectivamente. Ceará, Amapá e Goiás eram os únicos estados com percentuais acima de 80% (o ideal), chegando a 99% no último – responsável por 28% das mortes por influenza em todo o país até o dia 19 de maio, segundo o MS.

Há tempos acompanhamos esse fenômeno chamado medo. Na rede privada de vacinação, os reveses são facilmente observados nos períodos de notícias sobre surto de meningite em uma escola, por exemplo. Com o passar de poucos dias e o abrandamento das divulgações, vai-se o medo e, com ele, o senso de urgência atrelado à prevenção. A febre amarela é outro exemplo: em poucos dias, passamos da busca frenética pelo imunizante à falta de procura, sempre no vaivém das notícias sobre óbitos.

É uma tendência do ser humano: agir impulsionado quase sempre pelo senso de urgência e pelo medo iminente da perda. Daí a importância da educação para a prevenção. Não há dúvida de que as pessoas sabem que “prevenir é melhor que remediar”, mas falta a correta noção de tempo. Ação sobre o risco é muito mais uma tentativa de minimização de dano do que prevenção.

O que fazer? Comunicar, comunicar, comunicar. A SBIm tem seguido esse preceito sobretudo por meio de suas campanhas de comunicação, dentre as quais: Vacina é proteção para todos; Onda contra câncer; Quem é sênior, vacina; e Vacinas para grávidas. Parte dessa experiência e dos resultados foram apresentados no encontro realizado na França, em junho, pela Vaccine Safety Net (VSN). Trata-se de uma rede internacional de portais referendados pela OMS e da qual os sites sbim.org.br e familia.sbim.org.br são membros desde 2017.

Como você pode ajudar? Divulgando essas campanhas continuamente, compartilhando informações corretas sobre vacinas, vacinação e prevenção de doenças infectocontagiosas; ajudando a combater mitos e boatos e, principalmente, conversando muito e orientando seus pacientes/clientes sobre os conceitos essenciais que levam à melhor prevenção: tempo, cobertura vacinal e segurança das vacinas. Acesse nossos sites, informe-se e comunique-se.

Navegar é preciso e, juntos, remaremos mais forte.

Contamos com você!.

Isabella Ballalai
Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)