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XXVI Jornada Nacional de Imunizações reúne 1.600 pessoas no Recife

Um público de aproximadamente 1.600 pessoas participa da XXVI Jornada Nacional de Imunizações — maior evento do mundo sobre o tema. Realizado no Recife, cidade reconhecida pelo patrimônio natural e cultural, o encontro debate questões como arboviroses, vacinas em desenvolvimento, estoques de vacinas, risco de retorno de doenças controladas/eliminadas, infecções respiratórias, fake news, e o contexto de mudanças climáticas e tragédias ambientais. As atividades ocorrem de 18 a 21 de setembro e incluem um inédito curso voltado a residentes e estudantes de graduação.

Na cerimônia de abertura, a presidente da SBIm, Mônica Levi, explicou que o tema desta edição, “Vacinação: uma vitória de todos”, é uma referência à atual tendência de retomada das coberturas vacinais, capitaneado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) a partir de 2023, após um período no qual a ciência deixou de ser prioridade na agenda política. Entre os avanços, está a saída do Brasil da lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas — em 2021, o país era o sétimo.

“O resultado é fruto do esforço de muita gente. Parabenizo a todos. Mas ainda temos um longo caminho pela frente, com muitos obstáculos, como a onda de negacionismo e desinformação que fragiliza a confiança da nossa população sobre a segurança e a importância das vacinas, gerando hesitação e recusa”, alertou.

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Mônica Levi, presidente da SBIm

Emocionada, Levi disse não ter palavras para expressar a gratidão aos profissionais, instituições públicas, sociedades médicas e sociedade civil organizada, que têm, ao longo dos anos, ajudado a SBIm a compartilhar informações, difundir as boas práticas e promover as vacinas como ferramenta fundamental para a proteção coletiva e individual. Uma semana antes, a Sociedade recebeu a Medalha do Mérito Oswaldo Cruz, concedida a pessoas ou entidades que tenham contribuído de forma notável para a saúde pública brasileira (saiba mais). “Foi uma honra, resumiu”.  

Ainda sobre a homenagem, a presidente da Comissão Científica da Jornada e diretora da SBIm, Isabella Ballalai, ressaltou que o reconhecimento não é mérito apenas da gestão da entidade, mas de todo o quadro associativo.  “A SBIm não é a diretoria nacional. Somos nós, a diretoria de cada Regional, cada representante estadual e todos os nossos sócios. Convido os presentes que ainda não são associados a se juntarem a nós. Quanto mais formos, mais forte ficaremos”, destacou Ballalai, que recordou que a abertura do evento coincidia com os 50 anos do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

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Isabella Ballalai, presidente da Comissão Científica da Jornada e diretora da SBIm

Fala, presidente!

Eduardo Jorge da Fonseca Lima, representante da SBIm em Pernambuco e presidente da Jornada, declarou que estava muito feliz com o fato de a Jornada acontecer pela primeira vez no Recife, sua cidade natal. Ele saudou a comissão científica do evento, que construiu uma programação ampla sobre distintas questões presentes no cotidiano das imunizações, e elogiou a SBIm como um todo.

“Saliento que a SBIm é unida no objetivo de proporcionar uma cultura de prevenção das doenças por vacinas em todas as idades. Os inúmeros cursos, jornadas e documentos produzidos pela sociedade nos permitem afirmar, com segurança, que temos uma sociedade que nos representa e nos congrega em torno deste objetivo”, avaliou.

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Eduardo Jorge da Fonseca Lima, presidente da Jornada e representante da SBIm em Pernambuco

Eduardo Jorge também exaltou a força do Sistema Único da Saúde, que, mesmo diante de todas as resistências e dos desafios inerentes à pandemia, conseguiu vacinar milhões de brasileiros no menor tempo possível. “Em 2019, o mundo foi surpreendido por uma assustadora pandemia que causou mais de 7 milhões de mortes. Todo esse sofrimento teve um alívio, com o desenvolvimento das vacinas covid-19 e a vacinação”, constatou.

Além disso, ele fez um apelo para que os profissionais defendam incondicionalmente as vacinas dos ataques dos agentes que têm tentado descredibilizá-las. “É preciso manter a polidez do discurso e das ações, mas não devemos ter receio de amparar os mais vulneráveis com a força do nosso trabalho e não podemos ser omissos diante de políticas de saúde e de posicionamentos de entidades equivocadas e prejudiciais. A luta permanece diária”, exclamou.

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Auditório lotado durante a cerimônia de abertura. Cena se repetiu em inúmeras atividades ao longo do evento

PNI e OPAS

O diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI), Eder Gatti, afirmou que era uma satisfação enorme participar da Jornada: “Primeiro, pela relação que temos com a SBIm, nossa parceira e referência. Uma instituição que luta pela vida. Depois, porque é uma ótima oportunidade para aprendermos e termos um contato mais próximo com diversas pessoas importantes para o PNI”.

A exemplo da presidente da SBIm, Mônica Levi, ele celebrou as recentes conquistas das políticas de vacinação brasileiras e reforçou que ainda há muito a evoluir.  “Ainda não atingimos indicadores e há doenças imunopreveníveis em circulação. Precisamos, entre outras ações, melhorar nossos sistemas de informação, rever a política de acesso a imunobiológicos especiais e reestruturar a rede de frio”, enumerou. “E vamos conseguir, com o apoio de todos vocês”, completou.

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Eder Gatti, diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI)

Por fim, Gatti aproveitou para fazer um longo agradecimento aos inúmeros atores envolvidos no novo momento da vacinação no Brasil. “É uma conquista que compartilhamos com todos que trabalham nos níveis estaduais e municipais, as equipes das salas de vacinas — que fazem a imunização acontecer —, laboratórios públicos e privados parceiros do PNI, universidades científicas e sociedade civil organizada. Também aproveito para agradecer ao povo de Pernambuco, por nos ceder a Ana Catarina de Melo Araujo, nossa coordenadora-geral de Incorporação Científica e Imunização”, enumerou.

A representante da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil, Socorro Gross, classificou a Jornada SBIm como um espaço decisivo para a discussão de estratégias para as Américas. Segundo ela, as evidências apresentadas no evento são fundamentais para ajustes nos programas nacionais da região, que foi a única a acreditar ser possível e tentar eliminar o sarampo e a síndrome da rubéola congênita. “Espero que, muito em breve, o Brasil possa reconquistar o certificado de eliminação”, declarou.

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Socorro Gross, representante da OPAS no Brasil

Gross pontuou que a vacinação é considerada uma das três intervenções em saúde mais custo-efetivas, ao lado da disponibilidade água potável e do aleitamento materno, mas ponderou que, apesar de ser um ato individual, a ação depende do coletivo para funcionar. E é aí que mora o principal desafio nesse momento. Com o crescimento das redes sociais, grupos antivacinação, ainda que minoritários, têm ganhado força e suscitado medo na população.

“São indivíduos criminosos porque espalham discursos que ceifam vidas. Precisamos trabalhar juntos para garantir que as pessoas que estão com dúvidas ou se sentem inseguras tenham acesso à informação correta. O Brasil já mostrou que, quando há vontade política, coordenação, união e instituições engajadas como a SBIm, é possível recuperar a confiança e elevar as coberturas vacinais”, avaliou.

Durante a cerimônia, a SBIm e a OPAS assinaram um acordo de cooperação técnica (saiba mais).

Completaram a mesa Zilda do Rego Cavalcante, secretária de Saúde de Pernambuco; Josias Neves Ribeiro, conselheiro suplente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Gerson da Costa Filho, oficial de Saúde do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil. 

Palestra magna

A conferência de abertura foi ministrada, por vídeo, pelo diretor da OPAS, Jarbas Barbosa, nascido no Recife. Barbosa não pôde comparecer à Jornada devido à agenda relacionada à Assembleia Geral das Nações Unidas, que acontece entre 24 e 30 de setembro. Assista.

Momento de alegria

Responsável por filas para fotos em diversos momentos da Jornada, o querido Zé Gotinha levantou a plateia ao entrar no auditório com guarda-chuva típico e ao som do Frevo Nº1 dos Vassourinhas, música mais famosa do gênero. Confira o momento.

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Josias Neves Ribeiro, conselheiro suplente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen); Eduardo Jorge Fonseca Lima, presidente da Jornada e representante da SBIm em Pernambuco; Zilda do Rego Cavalcante, secretária de Saúde de Pernambuco; Zé Gotinha; Isabella Ballalai, presidente da Comissão Científica da Jornada e diretora da SBIm; Socorro Gross Galiano, representante da OPAS no Brasil; Eder Gatti, diretor do Departamentp dp Programa Nacional de Imunizações (DPNI); Mônica Leevi, presidente da SBIm; e Gerson da Costa Filho, oficial de Saúde do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil

Além do símbolo da vacinação no Brasil, a cerimônia foi abrilhantada pela performance do Balé Cultural de Pernambuco, que animou o público com uma apresentação que mesclou maracatu, ciranda e frevo.