SBIm e IQC lançam ferramenta que facilita acesso a dados sobre vacinação no Brasil

Está disponível para acesso desde o dia 4 de dezembro a plataforma VacinaBR, que permite acessar de forma intuitiva e fácil os dados sobre vacinação no Brasil. Desenvolvida pela SBIm e o Instituto Questão de Ciência (IQC), a ferramenta oferece aos usuários a possibilidade de gerar mapas, gráficos e visualizar tabelas referentes às taxas de imunização, com a opção de filtrar ou agregar os dados por localidade, imunizante, enfermidade e ano.

“Ao considerar a transparência e a comunicação como pilares fundamentais para a informação da população e de públicos-chave, e para a melhor tomada de decisão governamental, é determinante que os números e estatísticas da vacinação estejam disponíveis facilmente”, explica a microbiologista Natalia Pasternak, presidente do IQC. Ela acrescenta: “Conhecer os dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI) em profundidade permite a análise de indicadores como os públicos e localidades com menor cobertura, possibilitando soluções mais rápidas e eficazes”.

“Conhecer os dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI) em profundidade permite a análise de indicadores como os públicos e localidades com menor cobertura, por exemplo, possibilitando soluções mais rápidas e eficazes”, complementa”, afirma Antônia Maria Teixeira, representante da Sociedade Brasileira de Imunizações no (SBIm) no Rio Grande do Norte e colaboradora do projeto. Teixeira também atuou no PNI por mais de 15 anos.

O trabalho de monitoramento é uma prerrogativa da equipe técnica do Ministério da Saúde, mas a transparência dos dados e a facilidade de acesso possibilitam que sociedades científicas, imprensa, pesquisadores e outros públicos também tenham em sua agenda o acompanhamento das estatísticas e a produção de relatórios, reportagens e pesquisas científicas sobre o assunto. A nova plataforma também ajudará os gestores públicos, principalmente de cidades menores e sem pessoal especializado na análise de dados, a acompanhar as estatísticas, compará-las com as de outras localidades e definir estratégias para ampliar a adesão aos imunizantes. “A transparência também é fundamental para ampliar a confiança da população na segurança e eficácia das vacinas”, frisa Pasternak.

Os dados disponibilizados no VacinaBR são coletados de repositórios do PNI disponíveis nos portais do Datasus e de outros sistemas e páginas do Ministério da Saúde. Incluem, além das informações sobre doses aplicadas, tabelas informativas de imunizantes (calendários nacionais de vacinação) e estatísticas demográficas do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fundamentais para o cálculo de taxas de cobertura.

Todos esses dados já são abertos ao público, mas seu manuseio e interpretação podem ser desafiadores sem um conhecimento prévio em informática ou saúde pública. A VacinaBR soluciona essa dificuldade, pois realiza cálculos e disponibiliza indicadores como taxas de cobertura e de abandono, homogeneidade entre municípios e imunizantes e histórico de cobertura por doenças. A plataforma, como é alimentada por dados públicos, tem limitações intrínsecas à fonte primária dos dados. Outro gargalo refere-se às clínicas privadas de vacinação, cujas estatísticas nem sempre são agregadas às dos sistemas federais.

A queda das coberturas vacinais no País nos últimos anos é motivo de preocupação de gestores, profissionais da saúde, cientistas e de toda a sociedade. “O Brasil está em um momento crítico. Atualmente, por exemplo, somos classificados pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) como país de risco muito alto para o retorno da poliomielite, situação que seria impensável há alguns anos. Se não quisermos viver um retrocesso histórico, precisamos trabalhar em todas as frentes para reforçar a imagem da vacinação como ferramenta de promoção da qualidade de vida”, avalia a diretora da SBIm Isabella Ballalai.

“Por isso, ações coordenadas e bem-planejadas de vacinação são capazes de erradicar e controlar doenças e reduzir a mortalidade de crianças e adultos, mas um relaxamento na imunização e/ou queda na adesão podem fazer com que parte do avanço conquistado pelo PNI seja perdido”, alerta a presidente do IQC, reiterando a contribuição da nova plataforma para a retomada de índices mais elevados de imunização.

O PNI é uma das iniciativas mais significativas do Brasil no campo da saúde pública. Estabelecido em 1973, tem como objetivo coordenar as ações de imunização em todo o território nacional, garantindo o acesso universal e gratuito às vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a outros imunizantes e insumos definidos pelo Ministério da Saúde. Ao longo dos anos, o programa tem desempenhado um papel crucial na erradicação e controle de diversas doenças imunopreveníveis, contribuindo significativamente para a melhoria dos indicadores de saúde da população brasileira.