Notícias

Estudo com 650 mil crianças comprova que tríplice viral não causa autismo

Imprimir

Um estudo de escala inédita realizado pelo Instituto Serum Statens e publicado na edição de março de 2019 da revista Annals of Internal Medicine reforçou que a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) não aumenta a probabilidade de desenvolvimento de transtornos do espectro do autismo (TEA). Colaboraram com o trabalho (leia aqui) as universidades de Copenhagen, na Dinamarca, e Stanford, nos Estados Unidos. 

Para chegar à conclusão, foram analisados os registros de saúde de mais de 650 mil crianças dinamarquesas, nascidas de 1999 a 2010, a partir do primeiro ano de vida até 31 de agosto de 2013. Ao todo, 6.517 indivíduos haviam sido diagnosticados com TEA, e a razão de risco entre os vacinados e não vacinados foi semelhante.

Os autores também verificaram que a tríplice viral não aumentou a incidência quando consideradas as variáveis sexo, período de nascimento, administração das demais vacinas oferecidas gratuitamente, histórico de irmão(s) com TEA e presença de alguns fatores de risco, a exemplo da prematuridade, baixo escore de Apgar, fumo durante a gestação, entre outros.

Os resultados são outra vitória da ciência sobre o conspiracionismo. À agência de notícias Reuters, o epidemiologista Anders Hviid, líder do estudo, destacou que os pais não devem deixar de vacinar os filhos por medo do autismo. “Os perigos da prática incluem o recrudescimento do sarampo, que já começamos a testemunhar na forma de surtos”, afirmou.

Embora o impacto de boatos ainda pareça pouco significativo no Brasil, o país voltou a enfrentar uma forte onda de sarampo, pouco menos de dois anos depois de receber da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) o certificado de eliminação da doença. De 6 de fevereiro de 2018 a 21 de janeiro de 2019, houve mais de 10 mil registros, em especial no Amazonas. Os primeiros casos foram importados.

Tríplice viral x autismo: a origem do boato

O mais famoso discurso dos grupos contrários à vacinação surgiu após a revista Lancet publicar, em 1998, um artigo associando a tríplice viral ao autismo. Desde então, diversos trabalhos científicos foram realizados para averiguar a validade dos resultados, mas todos concluíram que não havia relação.

Finalmente, em 2010, descobriu-se que Andrew Wakefield, autor da pesquisa, tinha solicitado registro de patente de uma nova vacina contra o sarampo e recebido patrocínio de escritórios de advocacia envolvidos em ações de famílias de crianças autistas contra a indústria farmacêutica  

O artigo foi, então, banido dos anais da medicina, Wakefield perdeu a licença médica e está sendo responsabilizado por crime contra a saúde pública. Ainda assim, o boato continua a ser reproduzido.