O coordenador de comunicação da SBIm, Ricardo Machado, representou a Sociedade na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura o uso de redes sociais para a disseminação de notícias falsas.
Machado iniciou sua apresentação com um breve resumo do trabalho "As Fake News estão nos deixando doentes?", publicado em 2019 pela SBIm e a Avaaz. Entre outros pontos, o levantamento concluiu que sete a cada dez brasileiros acreditam em alguma informação equivocada sobre vacinação e que 13% dos entrevistados já deixaram de se vacinar ou de vacinar uma criança sob sua responsabilidade em função de boatos.
Além disso, o monitoramento do conteúdo antivacinação permitiu verificar que ele é majoritariamente orindo de páginas dos Estados Unidos — muitas vezes traduções integrais — e difundido por sites associados a lojas que ofertam “curas naturais” ou “milagrosas”.
Para tentar combater o problema, um dos fatores que têm contribuído para a queda nas coberturas vacinais e o consequente reaparecimento de doenças como o sarampo, foi sugerida uma lista de ações a serem desenvolvidas com o apoio de sociedades médicas, como a SBIm, SBI e SBP e outras organizações civis. São elas:
Ao Ministério da Saúde
- Revisar as ações de comunicação das campanhas nacional de vacinação
- Ampliar o repertório de informação no meio digital sobre a importância e a eficácia das vacinas
- Ampliar as parcerias de mobilização social, de forma a incluir todos os agentes, incluindo os comunitários, que estão muito mais próximos e têm grande credibilidade junto à população.
- Criar mais e novas campanhas de conscientização sobre fake news
Às plataformas de redes sociais
- Ser mais transparente com o usuário ao exibir anúncios e outras postagens pagas
- Coibir a ação de robôs e informar quando isso ocorre
- Aprimorar os algoritmos para que conteúdos falsos deixem de ser recomendados e exibidos em resultados de pesquisa.
- Comunicar os internautas sobre as fake news e apresentar aos impactados a informação correta.
- Identificar e remover contas falsas
- Elaborar e apresentar relatórios de correções e informar medidas adotadas.
Ao Legislativo
- Ampliar o debate sobre marcos sólidos e democráticos, baseados na transparência e proteção das liberdades
- Estabelecer meios legais de responsabilização das plataformas de mídia digital, para garantir que as correções feitas pela comunidade científica alcancem as pessoas afetadas e para impedir que os algoritmos potencializem a desinformação.
Respondendo à indagação que nomeia a pesquisa conduzida pela SBIm e Avaaz, Machado afirmou que “sim, as fake news estão nos deixando doentes” e que todos que acreditam nas evidências científicas devem não apenas defender a vacinação, mas fazer disso uma causa.
“A desinformação sobre a nossa saúde não é partidária. Ela diz respeito a todos. Esta é uma crise que pode ser corrigida, mas apenas se atuarmos juntos — sociedades científicas, acadêmicas, instituições governamentais e plataformas de redes sociais, principalmente — para conter a epidemia de desinformação, que tem potencial devastador para a saúde pública no Brasil”, defendeu.
Encaminhamentos
O senador Ângelo Coronel (PSD-BA), presidente da CPMI, apresentou requerimento ao Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e ao Network Information Center – NIC.com para que enviem informações de registro, acesso, postagens e demais dados pertinentes aos sites Verdade Mundial, Amplitude News, Notícias Naturais, Sempre Questione, Realidade Fabricada, Coletividade Evolutiva. Todos estão associados à divulgação de conteúdo falso sobre vacinação.
Assista na íntegra.