Estudo qualitativo, realizado em 5 capitais, analisa fatores econômicos, sociais, culturais e da política de saúde relacionados à baixa na adesão.
Cristina Albuquerque, chefe de Saúde e HIV/Aids do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no Brasil, apresentou na XXII Jornada Nacional de Imunizações um estudo qualitativo da instituição, que buscou investigar os motivos que têm levado as famílias a não vacinarem crianças menores de 5 anos.
Os trabalhos foram realizados em cinco capitais (Belém, Curitiba, Goiânia, Rio de Janeiro e São Luís). Em cada cidade houve dois grupos focais: de pais favoráveis à vacinação e de pais parcialmente contrários ou totalmente contrários à vacinação.
As principais conclusões foram as seguintes:
- A obrigatoriedade da apresentação da carteira de vacinação para receber benefícios de programas sociais, como o Bolsa Família, é avaliada de forma diferente pelos grupos (positiva e negativa), mas ambos apontam a exigência como razão para vacinar.
- Ao mesmo tempo em que pais favoráveis entendem que a vacina é uma ferramenta importante para a garantia de saúde das crianças, eles relatam a baixa percepção de risco em relação a doenças imunopreveníveis como fator de hesitação.
- Ambos os grupos demonstram receios de eventos adversos e apontam a dificuldade de acesso às Unidades Básicas de Saúde (UBS) e a falta de vacinas como razões para a hesitação.
- Pais contrários ou parcialmente contrários à vacinação dizem preferir tratamentos naturais, seja por crenças individuais ou por desconfiarem da indústria farmacêutica.
- A principal fonte de informações sobre vacinas é a TV, mas os entrevistados afirmam que os conteúdos são transmitidos de forma bastante pontual e superficial, apenas durante campanhas. O segundo canal mais citado são as redes sociais (Facebook e WhatsApp), onde a desinformação tem mais espaço.
Diante dos achados, Albuquerque afirma ser necessário “mudar o foco, conteúdo e abordagem das campanhas de vacinação — especialmente no que diz respeito ao esclarecimento de eventos adversos —, ampliar os horários de atendimento, fortalecer parecerias entre os serviços de saúde e de educação, capacitar permanentemente as equipes nas salas de vacina”.
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Estudo na íntegra.