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Impacto da COVID-19 na confiança em vacinas é debatido na Jornada

Apesar de superadas as dificuldades que levaram à interrupção dos serviços de vacinação durante o período inicial da pandemia, como restrições de deslocamento, falta de equipamentos de proteção individual (EPI) para profissionais de saúde e limitação de estoques, a demanda global por vacinação não retomou os índices pré-COVID-19. A questão foi abordada pela cientista comportamental sênior da Divisão de Imunização Global do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), Neetu Abad, no último dia da XXII Jornada Nacional de Imunizações.

Além do medo de infecção pelo Sars-Cov-2, as principais razões são o aumento da circulação de conteúdo equivocado sobre segurança/eficácia de vacinas e a infodemia, termo usado para caracterizar o excesso de informações — corretas ou não — a respeito de um determinado tema. A pesquisadora citou um exemplo concreto do perigo: no Irã, aproximadamente 800 pessoas morreram, 5.876 foram hospitalizadas e 60 ficaram cegas após ingerirem metanol para “curar” a COVID-19.

“A COVID-19 trouxe inúmeros desafios para os sistemas de imunização. Estamos em uma situação única, na qual todos os países estão lidando com a mesma ameaça. A boa notícia é que há intervenções promissoras para auxiliar no enfrentamento”, afirmou Abad. Entre as estratégias a serem adotadas pelos profissionais da saúde estão:

  • Monitorar e medir o impacto da infodemia, detectar e entender o processo de disseminação de boatos, aplicar estratégias de prevenção e mitigação, analisar constantemente as medidas implementadas e fortalecer a resiliência de indivíduos e da comunidade diante de infodemia, bem como desenvolver ferramentas para gerenciar o problema.
  • Entrevistas motivacionais — técnica de terapia centrada no paciente usada como recurso para mudança comportamental em diversas áreas. Pode ajudar a melhorar a compreensão sobre as imunizações e reduzir a hesitação e o atraso vacinal.
  • Inoculação social — exposição prévia de contra-argumentos para mensagens contrárias à vacinação com que o indivíduo pode se deparar no futuro. Dessa forma, é possível diminuir a suscetibilidade a discursos falsos.
  • Em momentos de crise como o atual, seguir preceitos semelhantes aos do manual de Comunicação de Crise e Risco de Emergência do CDC: agir rapidamente e de forma correta, ser empático, estimular ações que devolvam ao paciente o mínimo senso de controle, demonstrar respeito e sempre transmitir mensagens diretas, com a linguagem mais simples possível.

Para enfrentar a possível desconfiança em relação às futuras vacinas COVID-19, que, em função da urgência, estão sendo desenvolvidas e testadas em tempo recorde, a palestrante defende que o caminho passa pela transparência: “Devemos ser transparentes sobre o que sabemos ou não. Se fizermos promessas exageradas ou dissermos que as vacinas são soluções milagrosas, sem a menor possibilidade de risco, podemos ter problemas de confiança no futuro”. Abad acrescenta que as autoridades de saúde exercerão um papel fundamental nesse sentido: “Os países precisam ter definido o que irão fazer caso ocorra um evento adverso. Como as unidades de saúde registrarão essas informações? Como elas serão compartilhadas? O que será feito a partir delas? O plano de segurança é uma mensagem importante que deve ser reforçada junto ao público”.

O que a SBIm tem feito?

A vice-presidente da SBIm, Isabella Ballalai, fez um resumo das iniciativas em prol da vacinação desenvolvidas pela Sociedade. A pediatra destacou a parceria com o Programa Nacional de Imunizações (PNI), com o UNICEF e sociedades médicas. No que diz respeito à comunicação, um dos pilares de atuação da SBIm, Ballalai falou sobre o bom relacionamento com a imprensa e enumerou algumas das ações dos últimos anos.

Um dos marcos nesse sentido é a “Vacina é proteção para todos”, de 2015, que incluiu o lançamento do Família SBIm. Inicialmente direcionada para a população, a enciclopédia virtual sobre vacinação também se tornou referência entre profissionais. O portal e o site institucional da SBIm são os únicos brasileiros a fazerem parte da Vaccine Safety Net — rede de páginas certificadas pela OMS como fontes de informação seguras sobre vacinação.

Sob o “guarda-chuva” do Família SBIm, diversas campanhas foram realizadas. A maior delas, “Onda Contra Câncer”, teve três edições. A primeira, em 2015, conseguiu praticamente dobrar o número de citações positivas à vacina HPV nos 30 dias posteriores a campanha. As menções neutras e negativas também caíram.

Em 2016, a “Quem é Sênior Vacina” (2016) alcançou 4 milhões de usuários únicos; 22 milhões de impressões; 96.133 reações; 17.649 compartilhamentos; 18.523 cliques; 6.185 comentários. Em 2018, a “Vacinar para não voltar” (2018) obteve 1,2 milhão de impressões; alcançou 861.699 pessoas e engajou outras 237.246.

Conheça mais campanhas da SBIm.

Mídias sociais “na rotina”

De fevereiro a junho de 2020, as 215 postagens no Facebook da SBIm alcançaram mais de 11 milhões de pessoas, das quais 1,6 milhão de forma espontânea e 5,5 milhões via publicações impulsionadas. Houve aproximadamente 140 mil reações, 32.282 compartilhamentos e 6.649 comentários. Além disso, 140 dúvidas técnicas de profissionais foram recebidas por mensagem.  No Instagram, seguido por 27,7 mil pessoas, 3,9 milhões de usuários foram atingidos.