A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) realiza, de 19 de novembro a 20 de fevereiro de 2021, a campanha #QuemVacinaNãoVacila. A iniciativa foi criada para aumentar a adesão de adolescentes aos calendários vacinais para o grupo etário e estimular o compromisso com o autocuidado e a prevenção coletiva.
Além dos adolescentes, o objetivo é dialogar com responsáveis, profissionais da saúde, educadores e difusores de informação.
As ações também incluem a landing page https://quemvacinanaovacila.com.br e:
- Um e-book com informações sobre a importância da vacinação, vacinas indicadas, impacto das doenças imunopreveníveis, entre outras
- Webmeetings com profissionais da saúde
- Webmeetings com jornalistas, para estimular e enriquecer a cobertura sobre o tema na mídia
- Postagens impulsionadas nas redes sociais da SBIm
- Parceria com influenciadores adolescentes e pais
- Minidocumentário sobre as principais vacinas, mitos, percepções de risco etc.
- Testes de conhecimento.
A campanha é apoiada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pelos laboratórios GSK e Sanofi.
Contexto
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 30 milhões de brasileiros têm entre 10 e 19 anos de idade - faixa etária contemplada pelo Calendário de Vacinação SBIm Adolescentes. Imunizá-los é essencial, tanto para a saúde dos próprios como para a de indivíduos de outras faixas etárias. Para citar apenas um exemplo, os adolescentes são os principais transmissores — e na maioria das vezes assintomáticos — da bactéria responsável pela doença meningocócica, que mata um a cada cinco infectados.
Infelizmente, a vacinação no grupo está aquém do desejado. Dados do Ministério da Saúde mostram que desde 2017, quando o PNI passou a oferecer um reforço da vacina meningocócica C na adolescência, a cobertura jamais superou 43%. No que diz respeito à vacina HPV, as coberturas acumuladas de 2014 a 2020 foram aproximadamente de 70% e 45% (primeira e segunda doses, para meninas de 9 a 15 anos) e de 45% e 31% (primeira e segunda doses, para meninos de 11 a 14 anos). As metas de cobertura são de 95% para a vacina meningocócica C e de 80% para a vacina HPV.
Entendendo o adolescente
Reverter esse cenário exige compreender que os adolescentes são pessoas em um grande processo de transformação. Essa etapa da vida é geralmente marcada por experimentações (afetiva, sexual, consumo de álcool, entre outros), viagens e aumento de tempo de convivência em ambientes fechados.
“Paralelamente, o sistema límbico, responsável pela recompensa e satisfação imediata, amadurece muito mais rápido do que o córtex pré-frontal, que atua no pensamento lógico e no controle de impulsos. A diferença afeta profundamente a percepção de riscos” ? explica o hebiatra Ricardo Feijó, membro da Comissão de Capacitação e Educação Continuada da SBIm e chefe da Unidade de Adolescentes do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Um estudo desenvolvido pela Universidade de Rochester em parceria com a Universidade de Stanford identificou que jovens têm dificuldades com pensamentos abstratos, em formar suas próprias ideias, debater opiniões e adotar o pensamento lógico na vida pessoal, mesmo os que demonstram grande habilidade no ambiente de aprendizado. Esses aspectos podem colaborar para a hesitação vacinal.
“A influência de grupo e da opinião externa são muito fortes no período. Possíveis informações erradas sobre vacinação transmitidas por amigos ou conhecidos próximos são extremamente valorizadas. Adolescentes que tiveram contato com esses discursos tendem a fortalecer o sentimento de receio quanto à vacinação caso se deparem com supostos eventos adversos ou discursos antivacinistas. Mesmo que todas as evidências científicas que provam o contrário sejam apresentadas”, analisa a vice-presidente da SBIm Isabella Ballalai.
Outro aspecto importante é que os adolescentes estão cada vez mais conectados, o que aumenta a possibilidade de exposição a fake news. De acordo com o IBGE, 99% têm celular, 95,7% usam aparelho para enviar e receber mensagens de texto, voz e imagens por aplicativos de mensagens/email; 88,1% fazem chamadas de vídeo ou de voz; 86,1% assistem a vídeos, inclusive programas, vídeos e séries; e 63,2% enviam e-mails. Os índices têm variações regionais, mas são altos em todo o país, nos meios urbano e rural.
Parceria
A coordenadora-geral do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Francieli Fontana, afirma que a campanha #QuemNãoVacinaVacila vem em bom momento, em especial porque a pandemia de COVID-19 tende a acentuar as baixas coberturas vacinais, e destaca a união de forças entre a Sociedade e o PNI.
“A adesão de adolescentes à vacinação é historicamente complicada por muitos motivos, entre os quais a crença de que vacinas são apenas para criança. Vivemos um momento de crise e devemos fazer de tudo para não só evitar a queda dos nossos números, como para aumentá-los. Agradecemos à SBIm por mais esse trabalho que desenvolvemos em conjunto.”, comenta.
Chefe da Área de Saúde HIV/AIDS do Unicef Brasil, Cristina Albuquerque, segue uma linha semelhante e defende que é necessário qualificar a oferta e empoderar os adolescentes. “E nós, profissionais da saúde e os gestores, temos um papel fundamental. Precisamos reconhecer, valorizar e cobrar condições de trabalho para que seja possível oferecer aos adolescentes essa importante ação de saúde pública”, resume.
Calendário
As vacinas indicadas para adolescentes e outras informações estão disponíveis na landing page https://quemvacinanaovacila.com.br e no site da SBIm (https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-adolescente.pdf).