Mobilização é apoiada pelo Unicef, Bio-Manguinhos/Fiocruz, Rotary Club, AACD, e as sociedades brasileiras de Pediatria (SBP), Infectologia (SBI) e Ortopedia e Traumatologia (SBOT).
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) lança nesta segunda-feira, 22 de agosto, a campanha “Paralisia infantil — a ameaça está de volta”. A iniciativa tem como objetivo alertar a população para o perigo da poliomielite e estimular a adesão à campanha de vacinação promovida neste momento pelo Ministério da Saúde e à vacinação de rotina, disponível de forma gratuita durante todo o ano.
Apesar de o país não ter casos desde 1989, o cenário preocupa. Registros recentes em outras nações que também eliminaram a doença — os Estados Unidos confirmaram nas últimas semanas um episódio e a circulação do vírus no esgoto de Nova York — aliados à queda nas coberturas vacinais no Brasil fazem do retorno da pólio uma possibilidade cada vez mais próxima. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), inclusive, classifica o risco como alto.
O recuo da vacinação no Brasil começou em 2016. Desde então, exceto em 2018, a cobertura mínima para o controle da doença (95%) não é atingida. Os resultados se tornaram ainda piores após o início da pandemia. Em 2021, 30% das crianças menores de 1 ano não foram vacinadas, 40% não receberam o reforço do primeiro ano de vida e 55% não receberam o reforço dos 4 anos. Os números são do DataSUS.
“Temos uma geração que, graças às vacinas, não sabe como a pólio é terrível. Não podemos aceitar que crianças deixem de andar ou até mesmo sejam obrigadas a passar a vida com auxílio respiratório por causa de uma doença prevenível. Podemos ter que enfrentar uma tragédia em breve, mas ainda há tempo de evitá-la”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha.
A campanha “Paralisia infantil - a ameaça está de volta” será realizada exclusivamente on-line, ao longo de 45 dias. Os materiais — que incluem uma landing page (paralisiainfantil.com.br), peças informativas, vídeos com especialistas e os depoimentos de duas pessoas que sofrem com as sequelas da pólio — serão divulgados nas redes sociais e sites da SBIm e das entidades apoiadoras. São elas o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Bio-Manguinhos/Fiocruz, Rotary Club, Associação de Assistência à Criança com Deficiência (AACD) e as sociedades brasileiras de Pediatria (SBP), Infectologia (SBI) e Ortopedia e Traumatologia (SBOT).
“A internet é cada vez mais usada pelos brasileiros como fonte de informações, não apenas sobre saúde, mas a respeito de todos os temas. Infelizmente, há grupos que se aproveitam disso para criar e disseminar fake news, que, na prática, matam a causam sequelas”, explica a vice-presidente da SBIm, Isabella Ballalai, sobre a decisão de a iniciativa ser focada no mundo virtual.
A poliomielite
O vírus da poliomielite é transmitido pelo contato direto entre pessoas; por via fecal-oral; por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou de portadores do vírus; ou por gotículas de secreções da garganta, expelidas durante a fala, tosse ou espirro.
Embora a maioria das pessoas que contraia o vírus não apresente sintomas ou tenha quadros semelhantes, uma em cada 200 infecções leva à paralisia irreversível em algum dos membros, em geralmente nas pernas. Entre os acometidos, 5% a 10% morrem por paralisia dos músculos respiratórios.
Atualmente, a pólio circula de forma endêmica apenas no Afeganistão e no Paquistão, mas 28 países apresentam surtos e outros sete são considerados de risco pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Caso a doença não seja erradicada, a OPAS estima que cerca de 200 mil casos anuais da doença podem ser registrados dentro de uma década. Somente a vacinação é capaz de combater esse problema.