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Projeto pela Reconquista das Coberturas Vacinais é destaque na XXIV Jornada SBIm

A apresentação do “Projeto pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais - #vacinarparanãovoltar”, parceria entre a SBIm, Bio-Manguinhos/Fiocruz e o PNI, foi um dos pontos altos da XXIV Jornada Nacional de Imunizações, que aconteceu em São Paulo, entre 07 e 10 de setembro.

Antes reconhecido pelos resultados exemplares, o Brasil passou a sofrer com a baixa adesão da população às vacinas e hoje vê ameaças que pareciam ter ficado no passado cada vez mais próximas. A possibilidade de retorno da pólio ao país, por exemplo, é considerada muito alta pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

A iniciativa é dividida em três eixos:

  • Vacinação: colaboração com gestores, especialistas e profissionais da saúde para qualificar equipes, melhorar a infraestrutura das salas de vacina e garantir que toda a população tenha acesso às vacinas e seja vacinada;
  • Sistemas de informação: avaliar os sistemas de informação sobre imunização, em conjunto com os profissionais que os utilizam no dia a dia, e elaborar propostas para otimizar e integrar as bases de dados e sistemas antigos que permanecem em operação nas diferentes esferas.
  • Comunicação e educação: dialogar com a população e articular com o poder público, instituições, organizações sociais e lideranças comunitárias uma grande rede de incentivo à vacinação.

“O projeto reflete a nossa preocupação com esse momento em que estamos com todos os nossos percentuais de coberturas vacinais muito baixos. Isso acarreta o risco muito importante para a população, em especial as crianças, que estão vulneráveis a doenças contra as quais deveriam estar protegidas”, afirma o presidente da SBIm, Juarez Cunha.

As primeiras ações começaram nos 16 municípios do Amapá e em 25 da Paraíba. Participaram coordenadores municipais de imunizações, coordenadores municipais da atenção primária, profissionais das salas de vacinas, membros do CONASS, CONASEMS, representantes de universidades, entidades religiosas, associações não governamentais que prestam auxílio a pessoas em vulnerabilidade social, entre outras.

"A gente entende que quem sabe como podemos reconquistar as altas coberturas no país é a ponta, é o território. Ouvimos as dificuldades, fizemos um diagnóstico do que ocorria e começamos a pensar as saídas”, explica a coordenadora da Assessoria Clínica do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos/Fiocruz, Maria de Lourdes de Sousa Maia.

O assessor científico sênior de Bio-Manguinhos/Fiocruz, Akira Homma, faz um apanhado dos principais problemas verificados: “São inúmeras causas, cada local tem uma. Há falta de vacinadores e agentes comunitários de saúde, pouca integração entre o PNI e a Atenção Primária à Saúde, treinamento insuficiente, baixos salários, alta rotatividade das equipes, falta de compreensão dos profissionais sobre a importância do ato de vacinar e pouca prescrição médica”, listou.

A comunicação também é um desafio, ressalta a vice-presidente da SBIm, Isabella Ballalai. De acordo com a pediatra, a população perdeu a percepção de risco, uma vez que deixou de conviver com as doenças que já assolaram o país. “As pessoas precisam entender que é necessário manter a vacinação em dia para as enfermidades não voltarem. Devido à queda nas coberturas vacinais, perdemos o certificado de eliminação do sarampo e estamos sob risco muito alto de retorno da pólio”, avaliou.

Para Ballalai, a iniciativa é completa justamente por mirar os diferentes aspectos envolvidos na hesitação vacinal. “Além da falta da percepção de risco, precisamos lidar com as fake news, a falta de informação sobre a eficácia e segurança das vacinas, fake, oportunidades perdidas — como quando alguém vai à UBS e não consegue se vacinar por falta de vacina ou atendimento adequado —, entre outros.  Não adianta comunicar se não temos uma estrutura adequada na ponta nem ter uma estrutura adequada na ponta se não conseguimos comunicar”, ponderou.

A identificação das causas das baixas coberturas vacinais e dos gargalos serviu como base para a elaboração, em conjunto com estados e municípios, dos Planos Municipais Pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais – PMRCV. Alguns compromissos como a inserção do tema no currículo de programas de licenciatura e projetos de extensão universitária, em programas de rádio comunitários e em congregações religiosas já foram propostos. Os planos em âmbito local serão monitorados, avaliados e darão origem a uma metodologia, a ser disseminada em todo o país. A expectativa é a de que a expansão nacional seja concluída até 2025.

Além da aproximação com a comunidade, o “Projeto pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais - #vacinarparanãovoltar” inclui um site (https://sbim.org.br/prcv/), vídeos educativos voltados ao grande público, conteúdos para redes sociais e marketing com influenciadores.

A campanha “Paralisia infantil: a ameaça está de volta”, criada para estimular a adesão à campanha de vacinação contra a poliomielite realizada pelo Ministério da Saúde e à vacinação de rotina, também é parte do projeto, que prevê, para 2023, a realização de uma ampla campanha de comunicação voltada para os diversos públicos-alvo das imunizações.