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SBIm e SBP discutem fenômeno da hesitação vacinal sob o ponto de vista da filosofia

A SBIm e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) convidaram o filósofo Mario Sérgio Cortella para discutir a hesitação vacinal — considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das dez maiores ameaças à saúde das populações — sob o ponto de vista da filosofia. A live foi exibida ao vivo em 19 de dezembro.

“As vacinas são um avanço indiscutível em termos de saúde pública. Estão à nossa disposição como instrumentos que trazem segurança. Quem não adere a essa proposta está colocando em risco a sua própria saúde e da comunidade à sua volta. É mais que uma escolha individual. Trata-se de um dever cívico. Durante a pandemia, por exemplo, as imunizações foram o fator preponderante que permitiu à humanidade superar a covid-19”, avaliou Cortella.

O filósofo, entre outros pontos, alertou que é equivocado apontar como fruto de pura ignorância o comportamento de pessoas que, sem interesses escusos, são avessas à ciência e às vacinas. “Ninguém afirma que a Lei da Gravidade é uma invenção para restringir a liberdade e pula de um prédio alto em seguida. As pessoas costumam duvidar ou ignorar aquilo que acreditam ser improvável, como uma infecção por doença imunoprevenível. Da mesma forma, poucos prestam atenção nas instruções de segurança de um cinema ou de um voo por acharem que nada pode acontecer”, exemplificou.

Cortella prosseguiu: “O indivíduo de boa-fé que tem essa convicção permanecerá com ela e aqueles que agem de má-fé se aproveitam das circunstâncias. Portanto, não basta só o esclarecimento: é preciso tentar entendermos o que levou a ciência, em especial a médica, a ser alvo de alguma suspeita. Como passou de heroica para o que é agora? É um pouco mais complexo do que imaginávamos há alguns anos”.

A presidente da SBIm, Mônica Levi, exaltou o debate. “Sabemos das múltiplas causas que colaboraram para as coberturas vacinais caírem nos últimos anos e a hesitação vacinal está certamente entre as principais. Quanto mais entendermos o fenômeno, nos tornaremos mais capazes de lançar mão de estratégias para enfrentá-lo”, ponderou.

Na opinião do presidente da SBP, Clóvis Constantino, o encontro foi um excelente momento para discutir o papel das imunizações na sociedade. “As vacinas desempenham uma função significativa: elas previnem doenças infectocontagiosas e, assim, contribuem para a diminuição da prevalência de milhares de agravos e óbitos. Índices de cobertura vacinal em baixa representam um perigo iminente”, frisa.

O vice-presidente da SBIm e presidente do Departamento Científico (DC) de Imunizações da SBP, Renato Kfouri, ressaltou que “a conversa foi uma oportunidade de ter outros olhares sobre os desafios da população conhecer e cumprir integralmente o Calendário Nacional de Vacinação”.

Também participaram do evento a presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), Natália Pasternak, e a diretora da SBIm Isabella Ballalai.