O ano de 2019 trouxe grandes desafios. Os surtos de sarampo em vários estados e a consequente perda do certificado de eliminação da doença no Brasil; o surto de influenza no Amazonas; o agravamento da crise relacionada com a vacinação contra o HPV no Acre; e a desinformação provocada por notícias falsas sobre a segurança e eficácia das vacinas são alguns exemplos.
Em relação ao sarampo, a recomendação da "dose zero" para crianças de 6 meses a menores de 1 ano somou-se, nas estratégias de enfrentamento, à campanha de vacinação de adolescentes e adultos e à distribuição de suplementos de vitamina A para prevenir o agravamento de quadros da doença em menores de 6 meses. Na busca pela cobertura vacinal ideal, era preciso informar a população e sanar dúvidas, o que requereu um esforço ampliado de comunicação.
Quando esse desafio caminhou para um desfecho menos preocupante no Brasil – na Europa, o surto de sarampo continua –, soubemos da confirmação de novos casos de poliomielite em alguns países, superando os números registrados em 2018. O alerta vermelho decorrente da cobertura inadequada da vacinação contra pólio entre nós ganhou matizes ainda mais densos com essa informação. O ponto positivo ficou por conta da erradicação do poliovírus selvagem tipo 3.
Está claro que precisamos agir com mais ênfase na valorização das imunizações. Nesse sentido, algumas ações merecem destaque. Uma delas é o levantamento inédito conduzido pela ONG Avaaz, em parceria com a SBIm, que possibilitou conhecer profundamente o impacto das notícias falsas na decisão do brasileiro em se vacinar. Por meio de pesquisa realizada pelo Ibope em todo o país, foi possível investigar a associação entre a desinformação e a queda nas coberturas vacinais. Intitulado "As fake news estão nos deixando doentes?", o estudo mostra, entre outros achados, que aproximadamente sete a cada dez brasileiros acreditam em alguma informação falsa relacionada à vacinação. Ele está disponível em nosso site a todos os interessados e servirá de base para a elaboração de melhores estratégias de comunicação.
Atuante
Seguindo a premissa de promover o acesso à informação científica e incentivar a educação continuada, a SBIm realizou 13 eventos presenciais – incluindo a Jornada Nacional de Imunizações, o maior sobre o tema em todo o mundo – e dois online. Ademais, lançou três novas publicações: Imunização de Adultos e Idosos – Bases para Estudos e Decisões; Guia de Imunização SBIm/ABTO – Transplante de órgãos, em parceria com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos; e o Guia de Imunização SBIm/SBD – Diabetes, com a Sociedade Brasileira de Diabetes. Também atualizou os Calendários SBIm e o Pacientes Especiais; e veiculou a Revista Imunizações, sendo esta a quarta edição de 2019.
A SBIm esteve presente em dezenas de eventos científicos nacionais promovidos por associações e órgãos parceiros e participou de audiências públicas e outras reuniões governamentais. Além disso, membros da diretoria representaram a instituição no exterior em eventos como o encontro de membros da Vaccini Safety Net (VSN) e o Vaccine Safety Summit, ambos promovidos em Genebra pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No primeiro, a vice-presidente Isabella Ballalai, membro do Conselho Consultivo da VSN, apresentou um resumo das ações realizadas pela SBIm e, no segundo, contribuiu com as discussões para o estabelecimento das prioridades em imunização para a próxima década.
No âmbito do PNI
Em 2019, fomos surpreendidos com a aposentadoria de Carla Magda Domingues, que coordenou com grande êxito o PNI por oito anos, estreitando os laços com as sociedades científicas. Nomeada para o cargo, Francieli Fantinato demonstrou, em todos os contatos com a SBIm, grande capacidade de diálogo, empenho e proatividade, sinalizando que o PNI continua em ótimas mãos.
Dos CRIE recebemos a boa notícia da inclusão da VPC13, para pacientes acima de 5 anos com algumas condições especiais, e da meningocócica ACWY, para pacientes com hemoglobinúria paroxística noturna que fazem uso do eculizumabe. Do Ministério da Saúde, o lançamento do Movimento Vacina Brasil, com o objetivo de reverter o quadro de queda das coberturas vacinais no país, ação definida como prioridade. Sobre as metas da pasta em nosso campo de atuação, confira nesta edição a entrevista com o ministro Luiz Henrique Mandetta.
A luta é grande e diária. Há muito a fazer e a SBIm está a postos para colaborar. Que em 2020 estejamos ainda mais unidos e fortes. Em nome da diretoria, agradeço o apoio de todos que abraçam a causa das imunizações e que nos ajudam – com conhecimento e muito trabalho – a cumprir nossa missão.
Contamos com você.
Um abraço e ótima leitura!
Juarez Cunha
Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)